segunda-feira, 7 de abril de 2014

eXistenZ

Eu ainda estou aqui?

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O tempo em você ou você no tempo?

Fazendo uma paráfrase da notória citação de Stanislavski, trago a estas sessões de exorcismo um demônio mais externo que interno.
Que diabos é essa tal de dramaturgia contemporânea que tanto falam? Mais que isso : por que há esse desespero em ser contemporâneo? E ainda mais: que o que há de contemporâneo em estabelecer dogmas?
Vejo algumas pessoas afirmando categoricamente que as velhas dramaturgias devem ser exiladas, enterradas e olvidadas. Todo esse letricídio em prol da boa e nova dramaturgia.

Algumas perguntas:
1) o que faz uma dramaturgia ser velha? Ou se preferir "demodê", "datada", "sooooooo last season", etc...?
2) por que de repente o "novo" passou a ser mais importante que o "inteligente"?
3) o que é mais importante: A arte em você? Ou você na arte? O que é atual em seu olhar ou uma força artificial para que seu olhar pareça atual?

Por vezes, como professor e como freqüentador de teatro, vejo que "contemporâneo" é usado como palavra mais bonita para disfarçar "vaidade". A mais fútil das vaidades. Vestir-se com o que há de mais novo (????) na moda dramatúrgica. Moda? Na arte? Tá, tudo bem. As coisas até combinam, mas elas definitivamente não são a mesma coisa. E mesmo que se aproximem: os artistas ditam a arte através da sinceridade de seu olhar. Os que copiam são... Bem, são meras cópias baratas da Renner. Prefiro ser designer independente com uma loja nos fundos.

Pelamordedeeus! Não se violem se obrigando a emular a voz de Sarah Kane. Ela já se foi e deixou caminho aberto para que a gente faça o que quiser. Nossa própria voz. Escreva o que é verdadeiro e pertinente, não o que a "moda" ou os tais dogmas da modernidade ditam. ISSO é ser contemporâneo, pois isso é o que CRIA o nosso tempo.

Well, cada um faz o que quer, mas ninguém venha me dizer que o tal contemporâneo deve rejeitar "isso e aquilo". O momento onde se estabelecem regras e dogmas é o que há de menos contemporâneo. A pós modernidade acabou e o que vivemos hoje é campo livre de criação.

Vamos ler história para fazer tempos atuais mais interessantes.

(obs: Não há fotos neste post. Imagens seriam perniciosas e hipócritas aqui)


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We gonna raise, trouble, We gonna raise, hell.

terça-feira, 12 de abril de 2011

The Dark Days




Não é uma questão de se orgulhar ou se envergonhar desta anedota:
Ao completar 18 anos, fui me apresentar ao serviço militar. Cheguei no quartel (no mesmo lugar que hoje
abriga cebolas empanadas australianas e outras lojas) e, ao fazer a foto, o funcionário do recrutamento percebeu meu sobretudo preto e meu cabelo espetado por uns 8 cm na vertical acima da minha testa. Ele fez uma careta e soltou um som que parecia um riso de desaprovação, então finalmente perguntou :
- Você é pãnque?
E eu: - Não.
- O que que você é então?
Sem titubear, no auge do meu niilismo oitentista, respondi:
- Não sou nada.
E ele ficou quieto.
Sim. Naquela época eu ouvia The Cure e não cogitava usar outra cor que não o preto, pois seguia a máxima de Morrissey: "I wear black on The outside, cause black IS how I feel on The inside".
Naquele ano eu fui ao porão do Bar do Hermes, vulgo Berlin, antes freqüentei o Voltz, fui ao Amarilis, acompanhei porres de amigas queridas no meia oito (fundos do sal grosso), eu mesmo tomei um inconveniente porre que me fez acordar no dia seguinte com um corte fundo no meio da testa. Não me pergunte como me cortei. Acho que foi ao bater com a cabeça na chave do banheiro depois de ter ido lá pra... você me entende.
Presenciei - empunhando minha câmera de video VHS - um batuk do China com direito a Dustin na bateria.
Fui convidado do Estação Treblinka (polêmico programa da finada Estação Primeira).
Escondi livros de poetas malditos embaixo de meu sobretudo e furtei placas de farmácias homeopáticas às cinco da manhã.
Tive rompantes byronianos de romantismo e fui buscar respostas nas obras do Salinger.
Tive de empurrar minha Belina 78 pra fazer pegar no tranco e fui às pré estréias da meia noite no Cine Ritz.
Decorei frases do Blade Runner e vi Stranger Than Paradise em VHS pirata alugado do Tape Clube do Paraná (ou será que na época chamava-se Disk Tape?)
Conheci a pedreira antes de descobrirem que era um lugar legal para fazer shows (e bem antes de des-descobrirem isso.) e tomava tanqueray em lugares jamais descobertos por seres dignos.

E e eu me orgulho disso?

Bem...

Claro que sim!

Mas não vou fazer nenhum alarde. Só o texto acima. só. Para antes que eu me esqueça.
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We gonna raise, trouble, We gonna raise, hell

domingo, 3 de abril de 2011

NEVERMORE - trailer

Neste dia 6 de abril as 20:00 na Cinemateca de curitiba haverá exibição de Morgue Story com o anúncio de lançamento do DVD. Vamos sortear dois DVDs para quem for lá.
Agora que o morgue inicia carreira de Home Video, começa também a carreira de meu novo trabalho: NEVERMORE - três pesadelos e um delírio de Edgar Allan Poe.
O trailer saiu hoje.

http://vimeo.com/21887286





Este trabalho que reúne quatro curtas metragens baseados em obras de Poe é especial por vários motivos. Cito dois:
1) Completei meu aniversário de 41 anos trabalhando no set, com uma breve pausa para comer um bolo de morangos, doce de leite e brownie feito pela brilhante assistente Eugenia Castello.
2) Edgar Allan Poe sempre foi a base de inspiração para todo o meu trabalho. Seus textos são minha verdadeira bíblia.
Berenice, o primeiro dos quatro, terá estreia mundial em Detroit, EUA, neste mês de abril. Este e os outros curtas (Morella, Ligeia e O Corvo) terão exibição em tela grande em junho.
e o meu braço terá para sempre tatuada a palavra NEVERMORE .
word!

sábado, 26 de março de 2011

Um divisor de lodos

Publicado originalmente em : http://www.questaodecritica.com.br/2011/03/um-divisor-de-lodos/


Artigo sobre o processo de criação da peça Os Catecismos segundo Carlos Zéfiro



Foto: Marco Novack.


Não acredito num teatro em que a poesia é aberta. Prefiro mil vezes que o espetáculo me convide e me instigue a encontrar poesia em meio ao lodo. Ou melhor, em meio ao que o límpido bom senso considera lodo.

Em 1997, quando produzimos nosso o primeiro espetáculo da Vigor Mortis, utilizávamos o universo insano e doentio dos serial killers para falar da necessidade de mudança do status quo. Em 2004, Morgue Story, uma comédia de humor negro regada a sangue e situada num necrotério, falava do medo que todos temos de morrer só. Graphic foi nossa produção de 2007 e em momento algum explicava objetivamente a dificuldade que temos em sustentar nossas escolhas para uma vida que tenta promover o raro encontro entre prática e felicidade. Hitchcock Blonde não falava de cinema, mas sim de desejo, assim como Nervo Craniano Zero abusava de violência explícita para mostrar três personagens que criavam por vaidade e não por ter algo a dizer.

Este uso da obra como metáfora pode parecer corriqueiro, mas há mais do que frequentemente uma compreensão equivocada do que Kantor diz, que não é possível contemplar uma peça de teatro como fazemos com uma pintura, pois vemos concretamente o que está ali. Se esta afirmação pode dar a impressão de que o teatro é um raso reality show, em outro momento o próprio Kantor afirma que em cena deve-se criar uma realidade concreta. A ilusão deve desaparecer como ilusão. Deve sim existir como forma concreta. O efeito especial – no cinema – é potente quando ele não existe, quando não é percebido como efeito, mas sim como a realidade concreta daquele ambiente.

Os Catecismos segundo Carlos Zéfiro sustenta esta crença em um espetáculo que, usando entre suas ferramentas o compartilhamento de prazer com o público, não é mera celebração ao onanismo, mas procura ser uma viagem para dentro das ambiguidades causadas pela culpa judaico-cristã na sexualidade em nossa cultura. No entanto, em momento algum eu seria capaz de usar estas palavras de forma tão objetiva assim, pois faria soar como um acadêmico de gravata borboleta discursando a uma comissão de reitores. Não tenho essa ambição, sou antes de mais nada um diretor de teatro e essa não pode ser a forma de meu meio. Sou indireto.

Quando estava realizando a pesquisa para a criação do texto teatral desta peça, cheguei em um momento de crise no qual estava preso a uma história real. Só que, ao contrário do que fiz em Manson Superstar (2009/2010), não tinha a intenção de criar um ambiente documental, mas o da realidade fantasiosa que encontra o seu próprio ambiente concreto. Qual a ponte para escapar da realidade documental?

Não foi à toa que a crise se estabeleceu antes de minha derradeira entrevista do processo de pesquisa. Foi com Juca Kfouri, o jornalista que se propôs a descobrir a verdadeira identidade do até então elusivo Carlos Zéfiro. Seu desejo e paixão em criar esta aventura para si mesmo tinham a força dramática para evitar a simples exibição do fato.

A partir deste elemento criou-se a realidade concreta do espetáculo. Uma realidade que depende menos da mimesis da história real e mais da criação de um novo ambiente mítico onde os personagens – por ventura – são baseados em pessoas que existiram e existem.




Foto: Marco Novack.

Com o texto em punho e o processo de ensaio com o sinal verde, esta ideia passa a procurar seu caminho ao estado concreto de uma nova realidade através do corpo e voz dos atores e atrizes. O peso da lembrança frequente de que aquilo era uma história real insistia em recair sobre o elenco e a tentação em criar o personagem pela reprodução mimética era grande. Nas notórias palavras de John Ford: entre a realidade e a lenda, mil vezes a lenda. A lenda é em essência a realidade concreta da essência do teatro. Isso se estabeleceu desde Ésquilo e permaneceu pelos tempos reencarnando em Hamlet, em Blanche DuBois, em Dorotéia e também em outras ramificações da narrativa mitológica/dramática como em John Wayne ou Bruce Wayne. E quando a discussão chega em Bruce Wayne ou Hal Jordan ou Peter Parker… cheguei em casa.

Carlos Zéfiro era Clark Kent. Um anti-herói com dupla identidade tentando equilibrar os anseios pelo amor de Lois Lane (a vida pacata em família) e seu trabalho como jornalista no Planeta Diário (ou em nosso caso no Ministério do Trabalho) em contraponto às aventuras ao salvar a Terra (no caso de Zéfiro, um mais prosaico apreço por serenatas e mulheres) e seu uniforme costurado em Krypton (o codinome Carlos Zéfiro das revistas).

Não é preciso falar sobre as duas identidades de Clark Kent. Tarantino já fez isso o suficiente em Kill Bill. No entanto, temos aqui um ambiente que trafega entre a mitologia dos quadrinhos (pela própria mídia de expressão de Zéfiro), pela dramaturgia típica do melodama hollywoodiano da década de 40 (muitos catecismos eram adaptações de filmes americanos,com a diferença de que suas imagens vão além do fade out após o beijo) e pela narrativa de mistério da busca pela identidade de um anti-herói.

Gosto de me apropriar das palavras play/jouer/spielen por suas múltiplas possibilidades de tradução: Jogar ou interpretar ou tocar (um instrumento) ou brincar. Os Catecismos segundo Carlos Zéfiro se encontram nesta linha crepuscular da idade das descobertas da adolescência. Os jogos se transformam em dogmas. A brincadeira se transforma em interpretação. Os atores se inspiram por heróis. Jandir Ferrari e Martina Gallarza explicitam as vozes dos filmes dublados de aventura de nossa infância, mas usando o texto sem vergonha dos catecismos zeferianos. Irene, a amante de Zéfiro interpretada por Clara Serejo, carrega em um momento a voluptuosidade de Mata Hari e, em outro, é puxada à realidade de uma mãe solteira. O dono da banca de revistas, interpretado por Marino Rocha, se inspira no fiel “Q”, trazendo e sustentando Ideias para as missões de James “Carlos Zéfiro” Bond. Este agente-secreto de identidade desconhecida (Rafa de Martins) se alterna entre as aventuras na noite carioca entre garotas e música… e a realidade do trabalho no funcionalismo público brasileiro e a sua solitária esposa. Serrat (Mariana Consoli) é a esposa mais que real, pois escolhe viver no mundo de fadas para não conflitar com o da realidade. Juca (Leandro Daniel Colombo) é o detetive que amarra todos estes suspeitos em uma investigação de Poirot ou Holmes.

Com estes ícones em mente, entramos num universo – não tanto como Alice entra na toca do Coelho, mas sim como Indiana Jones entra no templo onde está a Arca da Aliança. Nos resta agora enfrentar o medo das cobras (sem intenção inicial de trocadilho) e eu encaro esta montagem como um particular divisor de águas, ou melhor, um divisor de lodos; um divisor entre o sangue e o sêmen, entre a adolescência e a maturidade, entre o jogo e a concretização de uma fantasia.

Paulo Biscaia Filho é diretor da Cia. Vigor Mortis. Escreveu e dirigiu a peça Os Catecismos segundo Carlos Zéfiro, atualmente em cartaz no CCBB-RJ.

Informações sobre a Cia. Vigor Mortis no site do grupo: http://www.vigormortis.com.br/home/Home/Home.html




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We gonna raise, trouble, We gonna raise, hell.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Zéfiro : Texto do programa

Segue abaixo o texto publicado no programa da peça OS CATECISMOS SEGUNDO CARLOS ZEFIRO. A montagem estreia hoje as 19:30 no teatro II do CCBB do Rio de Janeiro e permanece em curta temporada até o dia 10 de abril.

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“DEVAGAR, ZÉ… QUERO SENTIR ENTRAR TUDINHO”
(tem certeza que você quer ler o texto do diretor, ou prefere ficar apenas nas frases de sacanagem?)

Em um canto numa tarde com o ar frio de maio que corta Curitiba estava eu. Enquanto que a Clara do outro lado tentando se refrescar do calor carioca. Numa conversa por computador, falávamos de projetos futuros e ela veio com a pergunta: “Você conhece o Carlos Zéfiro?”. Explodi de animação e disse que não só conhecia como já tinha tido vontade de montar algo em teatro sobre ele. Pronto. Estava feito o pacto.

Veio um período de pesquisas, entrevistas, criação de texto, levantamento de produção, ensaios, montagem de cenário, crises existenciais e…

Espera… a coisa não é tão simples e fria assim. Faltam perguntas. A começar por...

Pra que serve isso? Quer dizer… pra que falar do Carlos Zéfiro?

“AI, ZÉ! JÁ GOZEI DUAS VEZES! COMO ESTÁ BOM!”
(Se alguém perguntar, você está lendo o texto “cabeça” aqui abaixo. Não essas barbaridades em letras grandes.)

Em poucas palavras, por que ele era um safado e safadeza é comigo mesmo e você está lendo isso porque gosta também de uma sacanagem. Não? Não se culpe. Olhe para o lado e diga com todas as letras: EU GOSTO DE UMA BOA SACANAGEM.

Se você se sentiu mal e não conseguiu falar isso em voz alta para a pessoa do lado, não se preocupe. Você também é normal. Talvez normal até demais.

Falar de sexo numa sociedade essencialmente católica é lidar com discursos tão ricamente contraditórios que fazem do debate algo deliciosamente dramático. O mistério, a culpa, a libertação e a descoberta. São caminhos percorridos por qualquer pessoa que se preza. Essa peça é dedicada a quem não teme punição divina… mas principalmente a quem a teme.

“ASSIM VOU ACABAR TUBERCULOSO. NÃO HÁ PAU QUE AGUENTE TANTA FODA. PUXA!”
(Vai me dizer que você começou a ler o texto do tal diretor? Sério? Bom, você que sabe da sua vida.)

Meus princípios como artista vem dos ensinamentos de meus mestres e ídolos. “Dizer o que não se diz. Mostrar o que não se mostra”, me ensinou David Cronenberg. Eis então um estímulo a falar sem medo de uma boa bronha e a revelar as deliciosas garotas do catecismo zeferiano. Não apenas mostrar isso, como encontrar a forma de exposição mais que adequada. Instigante. Como em uma investigação policial ou em uma missão secreta. Essa brincadeira de garoto que está ainda começando os ensinamentos da vida. Num momento brinca de mocinho e bandido e em outro usa uma desculpa furada pra ficar mais uns minutos trancado no banheiro. É uma outra brincadeira: de amiga invisível, mas agora a amiga tem uma forma específica e ela é magistralmente escultural no traço do Carlos Zéfiro.

Esse homem, que se escondia nas madrugadas produzindo revistas de sacanagem entre os anos 50 e 70, inaugurou um mercado (em sua época ilegal - o que deixava tudo ainda mais interessante) que foi seguido pelas revistas masculinas com tarjas pretas nas portas de bancas, pelas fitas VHS na sala especial da locadora e hoje está aí sem mistérios na internet. Mas lá pelos idos de 1960, internet não era nem um sonho. E a matéria que faz os sonhos dos adolescentes estava impressa em papel jornal nas revistinhas de 32 páginas carinhosamente chamadas de catecismos. O nome devia-se não apenas pela aparência de um livreto religioso, mas principalmente pela função … bem… educativa não é a palavra, mas vamos ficar com ela.

Os tempos são outros e - embora a nostalgia sempre nos alimente - o “perigo” do sexo ainda existe. Não só pela culpa cristã, mas também pelo simples fato de que… sexo é complicado.

“PROCURO CARNE, MEU AMOR. CARNE QUENTE, MACIA E CHEIROSA COMO A TUA.”
(Se você leu o texto do diretor até aqui então termine agora. Falta pouco.)

E aqui está a trajetória deste homem misterioso. Um verdadeiro James Bond cristão-tupiniquim: com o terno de linho impecável, chapéu panamá, um homem sedutor sempre cercado de mulheres, envolto em segredos proibidos, parceiro de figuras célebres… que depois voltava para o seu lar e sua esposa amada num subúrbio do Rio de Janeiro. Na manhã seguinte acordava cedo e ia até a repartição pública onde se fantasiava de ‘pessoa normal’ - como Clark Kent - para depois, às 17h, bater o ponto e recomeçar sua jornada de herói.

Em cena - e proposto pelo texto - expõem-se: o jogo da(o) amiga(o) invisível, a aventura de espião, a brincadeira de mistério, a culpa-cristã/condição-freudiana imposta pela mãe que grita pra gente sair do banheiro interrompendo tudo isso, mas em especial a diversão e o grande barato que é curtir uma sacanagem zeferiana. Apreciar (é essa a palavra certa?) a beleza da mulher que se esconde nas páginas de um livrinho com apelido religioso.

Então agora relaxe, entre no jogo e curta. Ou melhor, nas sábias palavras de Carlos Zéfiro:

“Esqueçamos tudo e vamos gozar”

Paulo Biscaia Filho
(escrito em um ‘cativeiro artístico’ em São Conrado, Rio de Janeiro, Fevereiro e Março de 2011)

“ESTÁ BEM ASSIM? É GOSTOSO? QUER MAIS?”
(Ih, tem essa chatice de dedicatória abaixo. Melhor voltar para a parte da sacanagem.)


P.s.: Obrigado Clara por ter me empurrado pra dentro desse universo de Carlos Zéfiro. Obrigado ao Dani, Mari, Jandir, Martina, Marino e Rafa por se prestarem a dizer essas deliciosas semvergonhices. Grato a equipe que soube ser safadinha.



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We gonna raise, trouble, We gonna raise, hell.


segunda-feira, 7 de março de 2011

Click!!




Lembrei hoje de algo que meus alunos de direção sempre me xingam pelo meu excesso de objetividade no quesito "como descobri que queria ser diretor". Não tem como negar. Foi algo extremamente simples mesmo. Aqui vai a breve narrativa (para aqueles que se interessam. Afinal é uma história de objetividade extremamente subjetiva em seu conteúdo.) :
Em 1982, eu estava na sétima serie do Colégio Anjo da Guarda. Começava a conquistar alguma Independência de ir e vir com a maravilhosa descoberta do ônibus 'Bigorrilho' que saía da praça Tiradentes e parava ao lado de casa. Com esta Liberdade proporcionada pelo transporte publico, comecei a pegar sessões de cinema após a aula e ir pra casa lá pelas quatro da tarde. Gostava de ir, em especial ao Cine Bristol da Mateus Leme, pois era perto da Escola e da casa da Tia Didi, onde eu eventualmente filava um almoço. Gostava deste cinema mais ainda pois ele não tinha porteiros tão rígidos no controle de censura como os do Cine Condor. A diferença de 12 para 14 anos era brutal naquela época e eu perdi de ver Os Caçadores da Arca Perdida em na estreia natalina de 1981 pois o filme era censura 14 anos e estava em cartaz no Cine Condor. No entanto, por conta das 10 indicações ao Oscar, os exibidores resolveram voltar com a película em cartaz em março do ano seguinte. Sorte minha, pois agora estava no Bristol e seria minha chance de ver o filme na tela grande (o VHS estava apenas começando a existir naquela época). A parte que eu prefiro passar por cima, pois é meio idiotinha, é que meu interesse em ver o filme não era tão cinematográfico como era histórico, pois naquele período eu era um entusiasta pela mitologia e estudo do Egito antigo. Com o almoço na Tia Didi no bucho e com a proximidade da primeira sessão as 14:00, me enchi de coragem e passei pelo porteiro do Bristol com a panca de um "adulto" de 14 anos. Oba! Consegui enganar o porteiro! Legal!
Vi o filme maravilhado. Com sua energia, com sua narrativa, com seu carisma. E voltei ao cinema outras 10 vezes para rever. Virei motivo de piada na escola por ver tantas vezes o filme e, em meus delírios de principio de adolescência, decidi que seria arqueólogo quando crescesse.
Naquele mesmo ano, meu pai me levou em julho para uma super viagem a vários lugares e um deles era Nova York. Lá eu revi Os Caçadores da Arca Perdida pela 11a. vez. mas esta foi especial pois era no gigantesco Ziegfield Theatre. Naqueles mesmos dias ainda vimos juntos o recém estreado E.T., Tron e Poltergeist. La em NY, ganhei de meu pai um pôster do Raiders of the Lost Ark (com arte do Richard Amsel que ainda está pendurado em meu escritório de casa) e um VHS com o making of do filme.
Este presente foi o mais importante de minha vida.
Vi o documentário mais vezes que o próprio filme e gostava em especial da parte onde o Spielberg dirigia a Karen Allen na cena onde ela faz competição de pinga contra um brutamontes mongol. As imagens mostravam o diretor passando instruções para a atriz e em seguida era exibida a cena definitiva no filme. No resultado não se via de forma tão direta aquele trabalho do diretor. Aquilo me fascinou mais que tudo.
Click!!!
Eu descobri o que eu queria fazer para o resto da minha vida.
Desde então dediquei-me plenamente a este ofício que adoro e que nasceu daquela sessão proibida para menores de 14 anos numa quinta feira as 14 horas de 1982.
Às 19:30 do dia 10 de março de 2011, nasce mais um resultado deste "Click": OS CATECISMOS SEGUNDO CARLOS ZÉFIRO. E aqui eu trago muito da empolgação juvenil de quando eu descobri Caçadores da Arca Perdida. Só que direcionados a descobertas mais...digamos assim...noturnas. Esta é minha 25a direção de espetáculo desde que me formei como diretor no Curso de Artes Cênicas.

Ainda fico impressionado (e agradecido) ao ver como esta breve seqüência de fatos que acabam definindo toda uma vida. E isso só por causa de um filme de aventuras. Só espero poder criar coisas que façam o mesmo.



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We gonna raise, trouble, We gonna raise, hell.

sábado, 5 de março de 2011

Something to rock about

Antes de mais nada, uma contextualização através de algumas datas-chave:
Em 1994, juntamente com Demian Garcia (compositor das trilhas de Morgue Story e do vindouro NEVERMORE ) integrei uma banda rockabilly chamada Trash Termites. Apesar da curta duração, a banda realizou um show inesquecível no 21 Snooker Bar sobre as mesas de sinuca para uma platéia como poucas vezes se viu.
Em 2007 meu aniversário teve a participação da genial banda Bettie and The Bel Airs, onde fiz uma forçosa e constrangedora (anti)contribuição ao cantar(?) Viva Las Vegas. Ver foto:





Em 2009, a sensacional banda das garotas do Diabatz entreteve os convidados de meu aniversario de 40 anos com suas melodias nervosas!

Pela primeira vez em 12 anos, não estarei na platéia do PsychoCarnival. Pra piorar a situação, não vou lá por que estou no Rio Fucking de Janeiro!!! Ou seja, para uma pessoa como eu(um sujeito mal, ruim da cabeça, doente do pé e chegado num pogo) é o maior pesadelo do mundo.

Claro que é por uma boa causa. Estou nos ensaios finais da peça OS CATECISMOS SEGUNDO CARLOS ZÉFIRO que estreia na quinta "de cinzas" nesta baía.

Mesmo assim, queria muito estar em Curitiba para ir ao evento de rock mais legal do universo. Já vi bandas muito bacanas nos sets do PsychoCarnival como o Surfin Caramba do Chile e as já mencionadas Diabatz de Curitiba, para mencionar apenas duas. Mesmo quando as bandas são meia boca, a gente sempre se diverte a valer.

Por isso, quem estiver próximo dos gélidos paralelepípedos da São Francisco, me faça o favor de dar um pulo violento por mim.

Rock and Roll!!!!!!!!!!!!!!


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We gonna raise, trouble, We gonna raise, hell.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Deu no Washington Post!




Os amigos do Molotov theatre estão estreando esta semana a primeira montagem em língua inglesa da peça Morgue Story - Sangue, baiacu e quadrinhos.
A peça fica em cartaz ao longo do mês de março.
Ontem, o Washington Post lançou uma nota sobre a estreia que diz:

"you might describe Molotov Theatre Group as gutsy. Literally. Shows from the local masters of gory Grand Guignol theater have involved bloody splash zones, lost limbs and even tongue-removal. But the Fringe Festival favorites have outdone themselves with the English language premiere of the Brazilian "Morgue Story," which culminates in a cutthroat fight scene -- performed in the nude."
(Pode-se descrever o grupo de teatro Molotov como desagradável. Literalmente. Apresentações destes mestres do horror do Grand Guignol já mostraram platéias com zonas de sangue, membros perdidos e até mesmo uma remoção de língua. Mas estes favoritos do Fringe se superaram com a estreia em inglês do texto brasileiro "Morgue Story", que culmina em uma cena de luta e garganta cortada --- apresentados em nu. "
Pena que eu nao vou poder ver a montagem, pois estou compromissado com a estreia no Rio de Janeiro de "Os Catecismos segundo Carlos Zéfiro" e em seguida com os ensaios de Av. Independencia que estreia no teatro Novelas Curitibanas em abril. Amanhã: quem é esse sem vergonha desse Zéfiro?


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We gonna raise, trouble, We gonna raise, hell.

terça-feira, 1 de março de 2011

Discurso de quem?










É fato que não dá pra confiar no Oscar.
Spielberg disse bem ao entregar o prêmio. Os perdedores se juntariam a Cidadão Kane, ao ET, ao Caçadores da Arca Perdida. E foi elegante em citar filmes célebres que venceram Melhor Filme. Preferiu esquecer os vencedores esquecíveis.
Como é o caso do vencedor deste ano. Uma obra descártavel que parece ter sido feita sob encomenda para ganhar o Oscar, em vez de ser uma obra que é fruto da imaginação moldada em anos dedicados ao ofício da linguagem como outros concorrentes na categoria.
Em 1980, Mel Brooks, representando a produção de O Homem Elefante, disse serenamente que não se importava com fato do filme ter perdido o Oscar para "Gente como a Gente". "Em 20 anos o vencedor será apenas uma resposta de trivia sobre o Oscar. O Homem Elefante será o filme que as pessoas estarão vendo"
A lembrança do seu trabalho, não vem por ter seu nome ligado a listas de prêmios, mas principalmente pelo impacto que sua obra tem na vida de quem vê.
Christopher Nolan sabe disso. Darren Arronofsky também. E David Fincher mais que ninguém. Os irmãos Coen? Claaaro? A Pixar? Bem esses a gente pula.
A Origem, O Cisne Negro, Rede Social, True Grit e Toy Story 3 estarão marcando as telas pela eternidade. O Rei já morreu faz tempo.
O discurso que interessa de verdade não é o discurso do Oscar, mas o discurso narrativo de cada obra.

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We gonna raise, trouble, We gonna raise, hell.


Raising hell... Again

Depois de uma longa sabática deste blog, retorno para mais exorcismos espirituais, artísticos e verborrágicos.


Aguardem novidades ainda hoje por aqui. E nao esqueçam que dia 10 estreia no CCBB RJ : OS CATECISMOS SEGUNDO CARLOS ZÉFIRO.

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We gonna raise, trouble,
We gonna raise, hell.
We gonna fight, brother,
Raise, hell.
...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Total Eclipse of the Heart

Primeira coisa. Que fique bem claro que eu curto essa música. Verdade. Ela é legal. Atire a primeira pedra quem nunca se pegou cantando "I really need you tonight!!!"

Mas pelo amor de Deus, alguém me explique se isso é uma comédia muito louca, um fantástico videoclipe ou o filme de terror mais assustador de todos os tempos.



Dá-lhe Bonnie!

em breve volto com posts mais pessoais e mais manifestações de desespero contra pessoas que falam no cinema.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Fechado para edição


Morgue Story. Primeiro Corte. Quase pronto. Quase... quase mesmo...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

HITCHCOCK BLONDE is back!!! and this time, it's personal...

gostei de fazer trailers. estão fiz mais um para a reestréia de HITCHCOCK BLONDE



Hitchcock Blonde
de 24 de julho a 17 de agosto
de quarta a sábado às 21h. Domingos às 19h
sessão extra dia 13 de agosto (aniversário de Hitchcock) às 21h.

Ingressos
Quintas e quarta(13/08): R$5,00 e R$2,50
Sexta: R$10,00 e R$5,00
Sábado e domingo: R$14,00 e R$7,00

Teatro José Maria Santos

realização: Vigor Mortis
Texto: Terry Johnson
Tradução, direção e vídeos: Paulo Biscaia Filho
Elenco: Edson Bueno, Rafaella Marques, Chico Nogueira, Michelle Pucci, Marco Novack e Mariana Zanette
Sonoplastia: Marco Novack, Paulo Biscaia Filho e Demian Garcia
Iluminação: Wagner Correa
Cenário: Guilherme Sant’ana
Figurinos: Mariana Zanette e Amábilis de Jesus
Adereços: Aorélio Domingues
Produção: Tânia Araújo
informações adicionais : www.vigormortis.com.br

domingo, 20 de julho de 2008

Morgue Story - teaser trailer

um trailer vale mais do que mil palavras

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Morgue Story - making of

I was born to do this.

Por mim eu faria uma cena dessas todos os dias.
Wagner Corrêa e Anderson Faganello pelo meu monitor durante as gravações de Morgue Story.
4 litros de sangue cênico foram gastos hoje.
Vibração total da equipe. Perdoem o tremor da câmera de making of causada pelos risos do continuista Ozz que operava o aparelho na hora.
As gravações vão até o dia 20. Até lá, esse deve ser o único post que terei tempo de fazer.
Depois disso, coloco mais alguma coisa do making of na rede como um sneek peek.

Em tempo: além de ter realizado este desejo de fazer um evil dead próprio, hoje tive meu momento Ed Wood realizado. Pedi para o Dani (o Dr. Daniel Torres do filme) ficar transtornado. Ele fez uma cara terrivelmente transtornada. E eu disse... "menos transtornado, Dani"... reproduzindo assim a clássica seqüência do filme de Tim Burton quando Ed Wood dirige Bela Lugosi.
Eu e o Dani rimos 5 minutos seguido depois disso. E ele depois fez a cena maravilhosamente.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Graphic - bye bye



Every time, we say goodbye... I die a little.

Bom, agora vai morrer de vez. Foi uma delícia conceber, dirigir, criar o que foi a primeira legítima criação em grupo da Vigor Mortis. Mas sempre chega a hora de dizer adeus. Continuamos na nossa Road to Nowhere.

"
A Vigor Mortis apresenta a temporada de despedida de "Graphic". A premiada montagem da companhia curitibana sairá de repertório após as apresentações entre os dias 4 e 6  de julho no Teatro Regina Vogue. 
Foi uma carreira de sucesso com diversas temporadas pelo Brasil, incluindo Rio e São Paulo, onde a montagem teve mais apresentações que Curitiba! Então não perca esta última oportunidade de encontrar ou reencontrar Artie, Becca e Raf.

Serviço:
peça: Graphic
Companhia Vigor Mortis 
texto, videos   e direção: Paulo Biscaia Filho
elenco: leandrodanielcolombo, Rafaella Marques, Carolina Fauquemont
cenografia: guilherme sant´ana
desenhos: dw, José Aguiar e Carolina Fauquemont
stencils: Juan Parada, Olho e Claudio Celestino
iluminação: Wagner Corrêa
Figurinos: Mariana Zanette
ONDE: Teatro Regina Vogue - Shopping Estação
QUANDO: de 4 a 6 de julho às 21h
QUANTO: Inteira R$15,00 e  meia R$7,50. 
Informações adicionais:
www.vigormortis.com.br "

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Eu quero uma Barbie


Olha isso aí. Sou completamente contra a Barbie e tudo o que ela significa, além é claro de ser macho pra caralho!!!!
... Mas isso aí tá simpático.
Meu aniversário tá chegando, então fica a sugestão.

(foto de notícia publicada hoje no Omelete)

sábado, 7 de junho de 2008

Shhhhhh!



É o fim da civilização e de toda noção de ordem como nós conhecemos.
Na quinta fomos ao Cineplex Batel para ver um filme de incestos e assassinatos com a Julianne Moore. Filme OK, só que não tem absoluta nenhuma utilidade artística, política ou com "fun factor".
Isso não é a questão. Leia post sobre Kaspar Hauser Pós moderno novamente.
Chegamos e sentamos nas confortáveis cadeiras. No cinema só havia nós outros três casais. Todos eles, menos a gente, conversando. Alto. O casal atrás da gente não apenas conversava como ficava constantemente se ajeitando na cadeira chutando as minhas costas sem nenhum pudor. Mudamos de lugar. Fomos para fileiras mais atrás e sentamos na mesma fila de um outro casal. Logo percebemos que este casal também conversava durante o filme sem parar e sem controle de volume vocal. Mariane fez um justificado "Shhh". Eles pareceram se comportar mais um pouco. Apesar dos inúmeros pacotes de guloseimas devorados vorazmente.
Em um certo momento do filme, eu percebo uma movimentação peculiar na área do outro casal na mesma fila. O sujeito levantou três braços fazendo para si um gigantesco loveseat e repousou sua cabeça sobre o braço que por sua vez estava no colo de sua amada. O resultado visual disso fazia com que ele parecesse uma versão grotesca da Olympia de Manet.
Ao sair do cinema, pagamos o estacionamento e no caminho pela praça em direção ao carro vimos o casal novamente. Ao passar por nós o sujeito, num ato de desprezo e falta de discernimento, faz um longo e exagerado "SHHHH" para a gente. E começa a subir a escada rolante.
Normalmente eu riria e não faria nada, mas não me agüentei e fui atrás dele.
No topo da escada rolante, ele começa a querer tirar a jaqueta puxando pra briga. Juro.
E eu disse : "Você tá vendo alguém levantar punho aqui, rapaz? Só quero entender como você não vê que conversa incomoda no cinema". "Eu converso onde eu quiser", disse ele. "No cinema não", respondi o óbvio. Foi aí que a namorada dele disse algo que acabou comigo. "Mas todo mundo no cinema tava conversando!"

Era verdade.

Nós éramos minoria.
O que nos resta então? Aceitar que a barbárie já chegou? Ou continuar fazendo shhh.
Mas como diria Seinfeld.: "I am not a Shushee, I am a shhusher".
Seríamos nós então dinossauros de tradições perdidas? Ficar quieto no cinema é fora de moda? Pedir para alguém ficar quieto para que eu possa prestar atenção no filme é um chamado de guerra?

Prefiro acreditar que não.
Pelo contrário.
Acho que de agora em diante vou entrar no cinema, olhar nos olhos de toda a platéia e soltar um sonoro:
SHHHHHHH!!!

Se é pra gente ser o louco que não se encaixa na sociedade, então vou levar isso às últimas conseqüências.
Se é pra gente ser a TFP new generation, então vou ser fascista.

Essa é a vontade do demônio da perversidade.

Só que tudo é tão mais simples. Não tem nada a ver com bem/mal, mas sim com ... bom senso.

domingo, 1 de junho de 2008

Melange Nipônica


Ontem eu vi aqui na tela de meu lindo iMac o filme Machine Girl (ou Mashin Gâru, como preferir). Peguei o filme de uma daquelas fontes que não ousam dizer seu nome como um dos torrents (opa! me entreguei) mais hypados do ano.
O filme é uma mistura de

KILLBILL+EVIL DEAD + POWER RANGERS + Algumas coisas (quem tiver visto, colabore aqui com outras referências encontradas, que não são poucas)

Não é um novo Cidadão Kane, isso é certo, mas é bem divertido. Listo aqui algumas de minhas seqüências favoritas do que testemunhei ontem nesta tela onde escrevo:
- Ami, a Machine Girl do título, briga com uma dona de casa maníaca que enfia seu braço primeiro em uma mistura de ovos e farinha para depois fazer um Tempurá do braço da heroína. Sem metáfora nenhuma nisso.
- Num momento POwer Rangers, Ami e Miki lutam contra um grupo de pais de capangas mortos por elas em lutas anteriores. Estes pais, devidamente uniformizados e armados fazem uma coreografia de apresentação e se auto intitulam algo como "A Super Gangue Carpideira", ou "A Super Gangue dos Pais Lamentadores".
- Por fim, o "soutien-furadeira" da bandida. Preciso dizer mais?

O filme tem problemas de sobra. Ele parece não se levar a sério, mas não se leva a sério o suficiente para o seu próprio bem.

Agora, uma coisa me deixou fascinado: a personagem Miki. Ela ajuda nossa heroína Ami a matar a família da Yakuza que matou o irmão de Ami e o filho de Miki. Bem, o filho de MIki é pra ter uns 15 anos pelo menos. E Miki é uma baita duma japa gostosa, com o perdão da misogenia rápida - porém socialmente necessária. Até aí tudo bem, mas ela era muito nova mesmo pra ter um filho de 15 anos. Uma pesquisa rápida no IMDB e eu descubro que Asami, a atriz que faz Miki, tem 23 anos. Ou seja, pelos cálculos ela teve o filho com 7 anos.
Isso me deixa muito preocupado com a cultura japonesa. 23 anos já é idade de "mulher passada"?
Lembro de uma frase divertida do péssimo filme "Clube das Divorciadas", onde Goldie Hawn que faz uma estrela hollywoodiana diz: "Existem apenas três idades em Hollywood: Gatinha, Promotora e ConduzindoMissDaisy."
Pelo jeito a idade "promotora" no Japão está mais baixa do que o normal.

Enfim, choques à parte, vejam Mashin Gâru que tem coisas de sobra para "diversão testosterônica".


Em tempo: li algumas críticas ao Kill Bill Vol. I que diziam que o filme era uma longa piada do "Cavaleiro Negro" no Monty Python em Busca do Cálice Sagrado. O mesmo pode ser dito deste filme. Sangue esguicha por tudo e de todas as formas, mas com preferência para o modo "Mangueira-regando-as-plantas". Lembrei da Tânia Araújo limpando o sangue de cena no Hitchcock Blonde. Tadinha. Se ela visse esse filme, ficava traumatizada de vez pensando em quem ia limpar tudo aquilo. Calma Tânia, eles tem um pequeno exército de gueixas armadas com esfregões e Veja Limpeza Pesada quando gritam "Corta!"-- sem nenhum trocadilho aqui.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Ontem eu fiz 13 anos...


... quando sentei no cinema para Ver Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal. Já coloquei em posts anteriores que o Caçadores da Arca Perdida foi a porte de entrada para compreender a linguagem de cinema, de direção, etc.. Então ver o filme foi como retornar ao começo. Logo nas primeiras cenas me senti literalmente rejuvenecido. Como se eu fosse um garoto na matinê do Cine Condor. Poderia até escrever meus comentários sobre o filme, mas análises frias não cabem aqui. É preferível ficar com a sensação causada pelo estalar do chicote. Ela é indescritível, mas fala muito.
Agora volto à realidade e aguardo agosto quando farei três vezes o número do título, mas se eu continuar ativo como o velho Indy... tudo bem.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Post Modern Kaspar Hauser


A cena de abertura do filme "24 Hour Party People" de Michael Winterbottom tem uma frase célebre. Depois de mostrar o protagonista fazendo um vôo de asa delta, ele cai no mato e vai até a câmera. Olha para a lente e diz algo assim:
- Essa cena que vocês viram representa muito bem a história que vou contar. Só vou dizer uma palavra: "Ícaro"... Se você entendeu, ótimo. Se não entendeu, tudo bem... mas você devia ler um pouco mais.

As últimas semanas foram cansativas, mas ao mesmo tempo reveladoras sobre alguma situação da humanidade hoje em dia. Ontem em aula mostrei uma cena de Psicose e perguntei quem já tinha visto o filme? Apenas um levantou a mão. Ao mostrar a cena do chuveiro, um dos alunos perguntou: " E quem mata ela?" . " A Mãe", eu respondi com um sorriso. Ao ver a cara de perplexidade, insisti: " E você sabe quem é a mãe, não?". E a resposta foi com uma cara ainda mais perplexa... "Não".
"MEU DEUS!!! O que você esteve fazendo com a sua vida?", não agüentei e falei.
E eu não estou falando de alunos desprovidos de possibilidades de informação. Não. Muito pelo contrário.
Mas mesmo assim, me senti estar frente a frente de um Kaspar Hauser Pós moderno.
Outro dia conversei com um cara e perguntei, "Você viu 'um corpo que cai'"? E a resposta foi novamente "não". Até aí tudo bem, ninguém é obrigado. Mas o não veio acompanhado de "Eu não gosto muito de filmes de terror."
Wie bitte?
Seria então possível ouvir a frase "Nunca ouvi falar da Mona Lisa. Não gosto muito de Pintura" ou então "Nunca ouvi o Requiem de Mozart. Não gosto muito de música."
Temos quantidades tsunâmicas de DVDs, além de wikipedia, 200 canais de TV... e tudo isso serve apenas para ser descartado.
Quando era garoto, o cinema hollywoodiano fazia um ou dois grandes blockbusters por ano. Um Tubarão, Um Ghostbusters... agora são pelo menos 20. O Homem de Ferro faz um puta sucesso, mas na semana que vem ninguém mais se lembra do filme e já quer outra coisa. Nada é absorvido. Nenhuma reflexão é feita, nem que seja sobre a interpretação do Robert Downey Jr.
Vivemos em uma era fast food e nem mesmo nos lembrados se pedimos o número 1 ou o número 2.
E não sou nenhum Harold Bloom. Sou aquele personagem daquele filme meia boca "IDIOCRACY" que num futuro dominado por pessoas com q.i. abaixo de 60 salva a humanidade ao diagnosticar que as plantações estavam morrendo porque elas estavam sendo regadas com Gatorade.
Talvez o Kaspar Hauser esteja invertido. Eu e mais alguns poucos companheiros vamos à praça qualquer dia desses com uma carta na mão.
Não entendeu?
Vai ver o filme do Herzog ou pelo menos leia na wikipedia quem foi Kaspar Hauser

segunda-feira, 28 de abril de 2008

To Be or Not To Be


Hoje de manhã tirei folga. Coisa rara e portanto cheia de méritos.
Vi deitado na cama "Sou ou Não Sou" com o Mel Brooks e a Anne Bancroft.
Na cena final, um bando de artistas poloneses escapam dos nazistas em um avião e rumam para a Inglaterra, porém a bússola quebrou e o destino é incerto. Quando o avião pousa, o personagem de Brooks, que está fantasiado de Hitler, entra em um pub cheio de ingleses cantando alegremente com suas pints e com aquele bigodinho indaga:
"- Aqui é a Inglaterra?"
Tive um acesso de riso de cinco minutos. Daqueles de ter que ficar limpando as lágrimas de tanto rir. Mas depois eu me perguntei: "Quem mais riria dessa piada hoje? Será que esse humor ficou datado?" . Será que a informação histórica está datada? Será que as pessoas não sabem mais quem são Cecil B de Mille, os macaquinhos do espaço e Gertrud Stein?
Tudo se consome muito rápido hoje. Nunca achei que fosse dizer isso, mas... acho que estou ficando anacrônico.
Porém me recuso a aceitar isso. Eu não envelheço, eu faço upgrades.

p.s.: lembro-me da primeira vez que vi esse filme anos atrás junto com meu pai numa sessão de um sábado à tarde no cine Plaza. Era garoto. E não tinha entendido. Achei o filme sem graça. Mas não tinha a referência direito ainda. Portanto reforço a afirmativa: faço upgrades.

domingo, 13 de abril de 2008

reflexão e ação

A divulgar amplamente para reflexão e ação. Um texto ótimo do Sarkovas que chegou a minha caixa de email hoje.

"Por que insistir em um modelo insustentável?
YACOFF SARKOVAS

A cultura e as artes movimentam parte significativa da economia
planetária. As indústrias criativas crescem para alimentar uma demanda inesgotável por estética, símbolos, lazer e entretenimento. Porém, os recursos gerados por este vasto mercado de consumo não suprem a diversidade e complexidade da cultura, comportando outras três fontes de financiamento, distintas e complementares:

- o Estado, que tem a responsabilidade de fomentar a criação e a
fruição artística e intelectual, bases do progresso humano - o investimento social privado, evolução histórica do mecenato, pelo
qual cidadãos e instituições privadas tornam-se agentes do desenvolvimento da sociedade - o patrocínio, estratégia empresarial para tornar as marcas mais próximas e envolventes, com maior afetividade, credibilidade, relevância e reputação junto a seus públicos de interesse.

No Brasil, o sistema de financiamento público às artes baseado em
dedução fiscal emaranhou estas fontes, subvertendo suas lógicas, pervertendo seus agentes e, de quebra, confundindo a opinião pública.

No mês de março, profissionais de teatro foram a Brasília apoiar
uma legislação que também canaliza recursos para a área por dedução fiscal, um modelo econômica e socialmente insustentável. Vamos imaginar que os médicos reivindiquem poder investir, por critérios próprios, um naco do imposto na saúde pública; os educadores, para manter abertas escolas públicas; as empresas de transporte, para criar estradas exclusivas; e -por que não? -, cada cidadão reter outro tanto do imposto para montar seu próprio esquema de segurança. Bastaria um punhado de categorias adotar esta lógica para não haver mais imposto a recolher. Por conseqüência, poderíamos suprimir o Estado e dispensar os governos.

Tomar posse de dinheiro público para destiná-lo por critérios
individuais e privados é um ato anti-republicano. Desinformados e iludidos pela justa perspectiva de injetar recursos no seu campo de atividade, muitos artistas e produtores ajudam a propagar o câncer do incentivo fiscal, em vez de lutar por políticas e fundos de financiamento direto do Estado, regidos por critérios técnicos e públicos.

Esse modelo de dedução fiscal à cultura, único no mundo, foi criado
pela Lei Sarney, em 1986 - substituída pela Lei Rouanet por Collor, em
1991-, ampliado com a Lei do Audiovisual por Itamar, em 1993, e replicado por municípios e Estados via dedução no ISS, IPTU e ICMS. Fomentadas por ignorância, no governo FHC, e mantidas por incompetência, no governo Lula, as leis de incentivo mobilizarão, neste ano, mais de R$ 1 bilhão. Recursos integralmente públicos que financiam somente a parcela da produção artística que desperta o interesse das empresas.

A dedução fiscal gera produção cultural porque distribui dinheiro,
não por ser lógica ou justa. É uma forma prática de obter recursos sem enfrentar disputas no orçamento público. Nada tem a ver com patrocínio ou investimento privado de verdade. Empresas promovem ações sociais, ambientais, culturais, esportivas, de entretenimento e comportamento como estratégia eficaz, saudável e rentável de valorizar marcas e fortalecer relacionamentos. Por isso, em todo mundo, investem seus próprios recursos institucionas, de marketing e comunicação.

Em outros países, incentivo fiscal é somente lançar as
contribuições à cultura como despesa na declaração de renda. Ou seja, é poder doar dinheiro do próprio bolso sem ser sobretaxado por isso. No Brasil, a Lei do Audiovisual permite dedução integral no imposto a pagar e, ainda, o abatimento como despesa, reduzindo o imposto acima do valor aplicado. O resultado é um ganho real de mais de 130% ao "investidor", sem risco. Espectadores-cidadãos não se dão conta que as marcas que aparecem na abertura dos filmes brasileiros são de empresas que ganham dinheiro público
para fingir que são investidoras culturais e decidir que aquele filme, e não outro, deva ser produzido. Em vez de exigir o fim deste escândalo, setores do teatro reivindicam "equiparação de benefícios".

É certo que o Estado brasileiro consome 50% do PIB e pouco do que
devolve tem valor reconhecido pela sociedade; é compreensível que os brasileiros desconfiem que os nossos governos sejam regidos pela corrupção.
Mas não corrigiremos mazelas históricas subtraindo recursos e
responsabilidade públicas para distribuí-las a interesses privados.

Melhor seria lutar para reduzir a carga tributária, para benefício
da sociedade civil, e ajudar a construir um Estado mais eficaz, com
capacidade de formular e implementar políticas públicas, financiando
diretamente as ações por princípios republicanos."

YACOFF SARKOVAS, especialista em atitudes de marca e presidente da Significa
e da Articultura.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Groovy

Só pra lembrar o porquê de fazer Morgue Story no teatro e agora um longa metragem:

"Ana Argento - Eu adoro o Bruce Cambbell com aquela serra elétrica na mão. Ele é pra mim a essência de tudo o que eu mais admiro em um homem: bacana, violento... e um pouco idiota"

GROOVY!



Hail to the king, baby!

segunda-feira, 31 de março de 2008

Ab insídiis diáboli, libera nos, Dómine.


Terminou este festival. Foi ótimo, mas desgastante. E o alívio é imenso. Um gigantesco demônio que se criava dentro de mim faz nove anos foi exorcizado totalmente. Mas para fazer isso, olhei para o rosto de diversos outros que tentam entrar.
Tinha escrito um post enorme falando disso, mas pareceu-me apenas abrir as portas para fazê-los entrar.
"Vaidade, meu pecado favorito". Dizia Al Pacino em Advogado do Diabo. Ele tinha razão.
Vamos fechar esta sportas e fazer com que esses novos capetas fiquem de fora. Chega de subjetividades excesivas que acabam por objetivar pessoas. A arte tem isso em sua forma. É duro
O Trabalho de verdade começa agora.
Garotas Vampiras Nunca Bebem Vinho volta em cartaz dia 3 de abril no Mini.
Hitchcock Blonde entra em cartaz no ACT dia 16 de abril
Tem muita coisa a fazer e não dá pra ficar se preocupando com atmosferas malignas criadas em eventos como esse. Paradoxais em sua essência, mas necessários para amadurecer. Aprendi isso na carne.

Em tempo: Fui ver O NATIMORTO. Bortolotto e Mutarelli me deram grande momentos de prazer na platéia.
E uma frase que faz com que Marguerite Duras morra de inveja.
- A vida é uma doença fatal... E sexualmente transmissível.

terça-feira, 11 de março de 2008

Crashing Bores

Só pra constar... acordei hoje me sentindo como a letra abaixo. Obrigado ao profeta Moz.



cantem comigo...

"You must be wondering how
The boy next door turned out
Have a care, But don't stare
Because he's still there
Lamenting policewomen policemen silly women taxmen
Uniformed whores, They who wish to hurt you, Work within the law
This world is full, So full of crashing bores
And I must be one, 'Cos no one ever turns to me to say
Take me in your arms, Take me in your arms, And love me

You must be wondering how
The boy next door turned out
Have a care, And say a prayer
Because he's still there

Lamenting policewomen policemen silly women taxmen
Uniformed whores, Educated criminals, Work within the law
This world is full, Oh oh, So full of crashing bores
And I must be one, cos no one ever turns to me to say
Take me in your arms, Take me in your arms
And love me, And love me

What really lies, Beyond the constraints of my mind
Could it be the sea, With fate mooning back at me
No it's just more lock jawed pop stars
Thicker than pig shit, Nothing to convey
They're so scared to show intelligence
It might smear their lovely career

This world, I am afraid, Is designed for crashing bores
I am not one, I am not one
You don't understand, You don't understand, And yet you can
Take me in your arms and love me, Love me, And love me

Take me in your arms and love me, Love me, love me
Take me in your arms and love me, Take me in your arms and love me"

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Siouxsie Sioux é minha rainha!!

Neste último sábado fui cortar meu cabelo. Atualizar o mesmo corte que tenho usado nos últimos anos. Máquina 0,5 da orelha pra baixo, máquina 1 imediatamente acima, 2 nas laterais de cima e 3 no cucuruto(geralmente eu uso a 4, mas desta vez fui mais ousado). Mas nem sempre foi assim. Houve um tempo que meu cabelo não tinha estes grisalhos e eram espetados uns bons 10 centímetros acima da linha da testa. Eu ostentava um sobretudo preto que poiu na gola de tanto usar (usei essa frase no Graphic e é verdade) e gastava meu reebok cano alto no caminho para o cursinho.
O cabelo alto não era barreira para meus fones de ouvido do walkman paraguayo que tocava naturalmente Smiths, The Cure e Siouxsie and the Banshees.
Esta semana ouvi o disco solo de madame Siouxsie Sioux e me arrepiei em ver esta "garota", que começou como groupie do Sex Pistols, ainda como uma diva e anunciando ares de crooner. Arranjos teatrais e quase operísticos. Sua voz é uma mesmo a de uma banshee que chama para a morte. E a performance mostra que ela sabe dar chutes melhores que os da mulher gato no seriado dos anos 60.
Me arrependi de ter cortado o cabelo. Queria ter meu semi-moicano de volta pra poder dançar melhor. Esse dia ainda vem. Here comes that Day... som na caixa!!

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Isaura!!!!


estou de luto. um dos ícones de minha infância faleceu nesta sexta feira...
Vai ser malvado com os anjos que eles vão adorar!

Rubens de Falco
(19 de outubro de 1931 — São Paulo, 22 de fevereiro de 2008))

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

sangue negro na veia!


Sei que disse que estou de casa nova em blog, mas... é que eu precisei.
Uns posts atrás eu coloquei um trailer de um filme chamado There Will Be Blood mostrand bastante entusiasmo com uma obra que eu nem tinha visto ainda.
Num desses raros momentos onde a expectativa é superada e não apenas atendida, vi Sangue Negro de Paul Thomas Anderson neste fim de semana e a minha vontade é de não ir mais ao cinema no resto do ano. Nada pode ser mais impactante, tocante, cruel e bem construído como este filme. Daniel Day Lewis faz com seu Daniel Plainview um trabalho daqueles que será referencial por anos. Como o Stanley Kowalski de Marlon Brando, ou o Travis Bickle de Robert De Niro. 
Um filme complexo em suas metáforas objetivas sobre estes tempos negros que vivemos. Como viemos parar em uma época onde " construímos o ódio cuidadosamente" e deixamos de acreditar em qualquer coisa... pessoa ou entidade. O que importa é continuar produzindo. 
E tem a trilha do cara do Radiohead que me faz acreditar novamente que há salvação na música erudita contemporânea. 

Em tempo: outra coisa que me deixou muito empolgado, é o CD solo da Siouxie Sioux, MANTARAY... Ela é uma nova diva. Uma punk/dark que mantém sua identidade, mas se renova como uma crooner de primeira grandeza. 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Me mudei - Hitchcock Blonde Blog


peço desculpas pela ausência... fim de ano, trabalhos, descansos, viagens, mais trabalho...enfim, não deu pra escrever.

desculpas em especial ao Rafael que postou um comentário justo a respeito de minha vagabundagem. Valeu Rafael, eu preciso de empurrões mesmo. Só funciono com eletrochoques!

Volto agora a escrever com mais assiduidade, mas provisoriamente em outro endereço e com um objetivo específico:
HITCHCOCK BLONDE.
O espetáculo que estreamos em março começou com os ensaios em janeiro. Vou dar um tempo ao exorcismo e passar a registrar as angústias e delícias desta realização.
Vai lá já!

http://www.vigormortis.com.br/Blogs/HitchBlog/HitchBlog.html

Essa foto aí o Marco Novack (http://www.flickr.com/photos/oavestruz/) tirou da maravilhosa Mariana Zanette que será a Blonde Hitchcockiana de 1919.

Assim começa. Em abril, espero não precisar exorcisar nada, mas de qualquer forma retorno para este mesmo batlocal. Entrementes... HITCH na veia!!!

sábado, 15 de dezembro de 2007

Vamos lá! ... Vamos?


Chega de vagabundagem de fazer copy and paste de urls do youtube. Palavras verdadeiras virão agora. O exorcista pega o livo de rituais romanos e vai começar o sermão!
...
Mas não agora agora agorinha...daqui a pouco...
...
Mente é um branco.
...
rever post de To do List.
...
amanhã algo surgirá. Tem que surgir.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Hitchcock recriado

... por Scorsese e pela publicidade. De qualquer forma, é uma brincadeira bem divertida.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Didi Mocó

Não se faz mais Didi Mocó como antigamente. Quando que o Aragão hoje - ou mesmo qualquer outro programa em TV aberta - faria humor de cenas de sodomização untada de um filme do Bertolucci?



A única parte ruim disso é que uma cena dessas me faz lembrar do domingo que está acabando e eu ainda não fiz a minha lição de casa.

agradecimentos a Malu pelo link

terça-feira, 27 de novembro de 2007

It's not a significant bullet...

O cara faz Fitzcarraldo, Aguirre, Grizzly Man.. então é claro que ele não se importa em levar um tiro à toa.
Werner Herzog is the man!
Vejamos em breve seu novo filme "Rescue Dawn"

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

There Will Be Blood

Com as mortes recentes de Bergman e Antonioni, muitos perguntam quem são os mestres vivos do cinema. Lynch, Almodovar, Wong Kar Wei... esses são grandes, mas Paul Thomas Anderson parece estar trilhando um caminho muito interessante. POde ser que morra na praia, mas o cara é sério. 
O que é absolutamente certo é que Daniel Day Lewis é um deus. Só de ver o trailer ele me faz quase chorar e arrepiar a alma. 
 


estréia ano que vem.

domingo, 30 de setembro de 2007

Charlotte Sometimes

São raras as criaturas sobre a terra que, se passassem aqui na frente de casa, seriam capazes de me fazer questionar meu matrimônio: Louise Wener(ex vocalista do Sleeper), PJ Harvey, Britta Phillips, Ziyi Zhang e Charlotte Gainsbourg. 
Filha da realeza pop francesa, ela é tão bacana quanto qualquer música do seu pai, Serge... talvez não mais que "Chatterton", mas enfim. Recentemente seu nome esteve em manchetes por conta de sua internação por hemorragia cerebral causada por uma acidente de esqui aquático(até pra isso ela é chique.). Parece que está tudo bem. Tomara. Ela pode não ser uma atriz fantástica, e o "queixão" não a deixa nas listas das mais sexy (fora a minha, claro), sua voz no ótimo disco "5:55" não é fantástica(embora as músicas não parem de tocar no meu ipod), mas ela tem A presença, como sua mãe Jane Birkin. Talvez até mais. 
Passou agora no Festival do Rio "The Science of Sleep", eu já vi aqui em casa algum tempo atrás(não me pergunte como) e, embora como intérprete o Gael Garcia Bernal sapateie em cima dela, sua figura é mesmo da a mulher idílica por suas imperfeições. O personagem de Gael sonha com uma mulher que ela não é, mas como ele quer que seja. Seu mundo de sonhos torna-se tão mais interessante que ele passa a viver dentro dele. Sonho e realidade se mesclam resolvendo por vezes e problematizando na maioria das outras vezes a própria realidade.A felicidade completa é impossível na vida real.  A felicidade do sonho é caso para tarja preta. Ou seja, a humanidade está perdida como sempre. 
Michel Gondry (o mesmo diretor de Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças) prova que não precisa de Charlie Kaufman de roteirista para ser um ótimo contador de histórias surreais. E ele ainda escolhe Charlotte Gainsbourg pro elenco. Way to Go, Michel! 
Desejando melhoras a Charlotte e também desejando que ela nunca passe aqui na frente de casa pra não complicar minha vida, deixo aqui uma foto dela no filme de Gondry e um link de 5:55 no YouTube(o embed da musica está proibido, damn!): http://www.youtube.com/watch?v=JKPXPJryp3g

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Delfin

O Mundo precisa saber disso!!!
Obrigado Guilherme por me trazer este link. Eu não sei dizer o que é melhor aqui. Talvez seja a qualidade da interpretação, talvez seja a letra pungente, talvez seja o elegante figurino ou talvez seja simplesmente o número de contato do bagual no topo da tela. Liga lá e contrata para um show na sua casa. Mmmm.. É demais pra você, né?
O que o pessoal do Tim Festival está fazendo que não contratou esse cara, porra?
Tá certo, a grandiosidade requer um Maracanã só pra ele. Entendam os motivos clicando abaixo. Som na caixa!

domingo, 23 de setembro de 2007

Dica's Tropicaliente 2 - Wolfgang Press

Essa é velha, mas eu nunca tinha visto o clip. Vi o último show da banda no Jazz Café em Londres em 95, pouco antes deles terminarem. Pena que não tem mais. A música abaixo é um clássico do Tom Jones. "That ain't the way to have fun, son!"

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Dica's Tropicaliente - episódio 1 - DEXTER

Por sugestão do Guilherme "The Man" Sant'anna, começo aqui uma nova série de dicas de programas e músicas com nome inspirado na célebre "casa de diversões" curitibana. Para começar, estou viciado num seriado que eu julguei uma tremenda "forçação" de barra pelas chamadas, mas que é muito esperto e tem diálogos geniais. DEXTER conta as aventuras de um serial killer de serial killers. Trabalha durante o dia como hematólogo para a polícia e à noite sai para caçar assassinos que escaparam do sistema. Essa é a parte bocó. O legal mesmo são as relações estabelecidas nas histórias paralelas. Sobre querer ser normal ou querer ser um humano socialmente aceitável. Os roteiros dos episódios brincam com a nossa noção de normalidade, com a necessidade de se encaixar na sociedade e com os nossos próprios sadismos. Aqui vai um trailer pra quem quiser ver na FOX ou em qualquer outro lugar que vocês sabem como ver: 
   

domingo, 9 de setembro de 2007

Pogo Ball

Frantic Flintstones - ontem
Já lanço dois posts aproveitando que estou animado. Senão esqueço disso e ... bem, espero que alguém leia e faça isso valer a pena.
Ontem fui no Psychobilly Festival que encerrou com show dos britânicos Frantic Flintstones. Independente da apresentação (divertidíssima e genialmente executada), a diversão num festival desses é sempre garantida. 
Devo confessar... eu, pai de família, professor de curso superior, master of arts pela royal holloway e tudo mais... ADORO POGO!!!!!!!
Tá, já se foi o tempo de eu me jogar lá dentro e levantar meus braços 90º com o corpo para defesa/ataque. Peço então emprestadas as eloqüentes palavras do senhor Aurélio Marinho Jargas de http://aurelio.net/musica/pogo.php  :
"O movimento é o seguinte: você anda, dando os passos no ritmo da música. A cada passo, a perna é levantada e esticada, dando-se um chute no ar, como se estivesse chutando uma bola de futebol. Um chute médio, nem fraco nem forte.
Nota: O detalhe é que ao invés de chutar o ar, você chuta outras pessoas, pois estão todos espremidos, lembra? Mas preste atenção, você não está chutando outra pessoa porque você quer. A música faz você chutar o ar e por acaso há outra pessoa no lugar do ar. Tanto o chutante quanto o chutado estão cientes disso, então todos se chutam o tempo todo e isso é normal.
O tronco e a cabeça são movimentados para um lado e para o outro, acompanhando o ritmo e os chutes. É a ginga.
Os braços ficam dobrados em 90 graus e os punhos fechados, fazendo um movimento alternado, para frente e para trás, no ritmo da música. É como um boxeador em posição de defesa do rosto, só que com a guarda mais aberta (os punhos não se tocam) e os cotovelos bem afastados. A cabeça fica levemente abaixada. Esta é uma posição de defesa da cabeça, para evitar colisões. Assim, nos choques o que se bate são os cotovelos e antebraços.
Algumas variações incluem uma posição diferente dos braços, dobrados na vertical e fazendo movimentos para cima e para baixo. Ou ainda dar joelhadas no ar ao invés de chutar."

Aê!!!!!!! It's a Holiday in Cambodia!!
O mais legal de tudo isso é que é uma diversão meio fight club. A violência é necessária... mas carinhosa. Pelo menos ontem, quando a diversão estava ... er... "civilizada"...quando alguém, no meio da roda perde o equilíbrio ou leva um jab torto que acaba o levando ao chão, é imediatamente ajudado por seus companheiros que acabaram de nocauteá-lo. Não me pergunte agora o porquê, pois não cabe filosofar... mas eu vejo uma baita poesia nisso. 

"Champagne for all!!!" 

Paranóias e Fantasias

a fantasia do fauno
a paranóia de friedkin

Todo ano no meu aniversário tento "me dar" uma sessão de cinema à tarde. Ver um filme à tarde é sensacional, mas é justamente a raridade do evento que transforma a experiência em algo especial. 
Este ano aconteceu uma pequena coincidência. Fui ver "Possuídos"(Bug), com direção do William Friedkin(Sim, o diretor do Exorcista himself!) que curiosamente festeja seu aniversário no mesmo dia que eu. Bem, frescuras à parte, o filme pode não ser um dos melhores dos últimos anos, mas traz um ambiente extremamente perturbador e algumas questões interessantes sobre o problemático instinto de sobrevivência social do ser humano. 
Ashley Judd (que sempre fez papel de bonitona, mas que aqui se embagaçou feio à propos do roteiro) é uma mulher solitária que trabalha como garçonete num bar de lésbicas enquanto tenta esquecer do seu marido na cadeia e do desaparecimento de seu filho. Michael Shannon(um excelente ator de teatro que repete aqui o mesmo papel que representou no palco) é um homem tímido e misterioso que aparece na vida da personagem de Judd sem aparentemente nenhum interesse passional ou sexual, mas que, ao longo do filme confessa ser um desertor da guerra do iraque com fortes traumas de guerra. Ele imagina que tem insetos sob sua pele, comendo seu corpo e mandando informações ao governo num absurdo exercício de teoria da conspiração. Sua fé cega nestes insetos invisíveis torna-se central em sua vida e Judd, para não se sentir só, começa a crer também na existência dos bichinhos. 
Quando duas pessoas se envolvem, cria-se uma nova realidade entre elas e somos capazes de acreditar em qualquer coisa, mesmo que seja numa paranóia desmedida, só para não ficarmos sozinhos. Temos que ser loucos para pertencer.
Que maldito bichinho aciona este mecanismo de segurança que é capaz de nos levar até a autodestruição feito a Nostromo. 
Algo semelhante acontece no meu filme favorito de 2006, a obra-prima O Labirinto do Fauno, de Guillermo del Toro. A menina Ofelia se vê impelida a acreditar num mundo de fantasia povoado por reis, faunos e fadas afim de escapar de sua tenebrosa vida real em meio a um padrasto-militar-franquista-sociopata-misógeno (um dos melhores bandidos de todos os tempos, cortesia da magnífica interpretação de Sergi Lopez). Ela busca a sua loucura para não pertencer, ou melhor para pertencer a algo que tenha a visão de mundo de sua inocência, violentada a cada segundo com tragédias consecutivas. 
Criamos paranóias, fantasias e delírios para tentar encontrar algum centro. Saímos do centro para tentar encontrar nosso próprio eixo.
É como o homem do corvo de Edgar Allan Poe, que sabe perfeitamente que o corvo não quer dizer e nem sabe o significado de 'nevermore', mas mesmo assim quer acreditar piamente na intenção do animal para poder justificar sua dor.
"And the raven, never flitting, still is sitting, still is sitting
On the pallid bust of Pallas just above my chamber door;
And his eyes have all the seeming of a demon's that is dreaming.
And the lamplight o'er him streaming throws his shadow on the floor;
And my soul from out that shadow that lies floating on the floor
Shall be lifted--- nevermore!"

Isso nunca vai mudar. Tomara! São essas loucuras que, embora socialmente nefastas, fazem do ser humano uma contínua fonte de inspiração artística. Todos fazemos isso. Em escala maior ou menor, mas fazemos. Resta saber os limites de nossas loucuras e vôos da mente nas asas negras de um corvo imaginário. 

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Good Fruit - sing along

Faz tempo que eu não coloco nenhuma letra aqui. A selecionada para o sing along de hoje é do Hefner. Atenção para meu verso favorito:
"You should stick around 
To see me hit the ground
it's such a pretty sound." 

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

To do list. Today.


1 - Tenho que pagar umas DARFs de impostos...
2 - Anátema, que esteve em cartaz semanas atrás no ACT trouxe a Curitiba a melhor atriz do Brasil da atualidade, Juliana Gaudino. Levanta um dedo e consegue expressar um soco, resolve as dificuldades do texto quase literário como quem passa manteiga mole em pão. 
3 - Tenho que passar o dinheiro do condomínio pra minha irmã. 
4 - Crise da sala de operação resolvida, entramos agora na crise da cozinha. Grilling results to come.   
5 - Preciso pegar o seguro saúde com minha mãe e pagar entrando numa fila do HSBC. 
6 - Ratatouille é um dos melhores filmes do ano. Tenho dito. Aquele Rato expressa mais humanidade que 90% dos filmes que estrearam desde janeiro. 
7 - Tenho que ir lá na portaria de um cliente pegar DVDs para digitalizar antes de reeditar. 
8 - Die Hard 4.0 . Faço uma autocitação... "Eu queria ser o Bruce Willis" / "Em qual filme?" / "Duro de Matar, é claro" / "Qual número?" / " O Dois, por que o resto é uma bosta!" . Todos são bacanas e divertidos. Esse último idem. É como ver um bom show de palhaços de circo. Não espere apresentações de relações humanas Bergmanianas... ah... sim. que fique aqui a minha homenagem.  Bergman morreu no dia 30, segunda feira. A primeira frase de "Gritos e Sussurros" dizia: "É segunda feira e eu estou sofrendo..." Obrigado, Ingmar. Obrigado Michelangelo. 
9 - Tenho que preencher uma nota fiscal e deixar para outro cliente. 
10 - Tenho que preparar um material pra reunião.
11 - Tenho que preparar as aulas de amanhã
12 - Tenho que montar um projeto.
13 - Tenho que escrever dois textos.
14 - Tenho que consertar o superdrive
15 - Tenho que arrumar o escritório
16 - Tenho que fazer a barba
17 - Tenho que sair da cama.
18 - Tenho que dar um tiro na cabeça.... não. Esse não precisa.   Prefiro trocar isso por...

... 18 - Dar um baita beijo na bochecha da minha filhota.  Pronto. Tá resolvido.

sábado, 28 de julho de 2007

Problemas no segundo ato


Não sou um fã incondicional de David Mamet, mas ele tem toda a razão em fazer graça com a crise de criação de um texto no segundo ato, como ele faz em Os Três Usos da Faca. 
Lembro de Nicolas Cage em Adaptação(um filme que não gosto muito) fazendo autonegociações("Eu escrevo mais um pouco e depois me dou um pedaço de bolo e um cigarro como presente. Não. Eu como um bolo e fumo um cigarro e depois vou me sentir melhor para escrever... " etc...) ou então com a personagem de Emma Thompson em "Stranger Than Fiction" (esse sim um filme que eu gosto.) Não sabendo o que fazer com seu personagem que deveria ter vida própria, mas não tem. 
Resta-me por enquanto assistir a uma obra prima e usá-la como musa particular: Dead Ringers/Gêmeos - Mórbida Semelhança do Cronenberg. Tudo isso para continuar a escrever um texto que se chama Nervo Craniano Zero. Em breve - assim esperamos - num teatro perto de você. A peça tenta emular este universo cronenberguiano, mas com um ótica um pouco vigormortiana. A premissa está resolvida: uma ficção científica sobre controle tecnológico do corpo (quintessential Cronenberg) e as dificuldades de relacionamento social e profissional (quintessential Vigor Mortis). O resto ... por enquanto... é silêncio. Desculpem o mal uso shakespeariano da frase clichê, mas é o que melhor representa a crise do 2º ato. 
Deixe quieto. Agora é hora de me deliciar com essa interpretação célebre do Jeremy Irons e depois eu resolvo a clássica crise do segundo ato. 
Lembro agora do que eu disse a amigos que sentavam ao meu lado quando vi este filme pela primeira vez no Cine Luz: "Preciso de um guindaste para me levantar dessa cadeira." 
Talvez a lembrança dessa emoção seja já um caminho pra resolver esse impasse.   

demon


sim. a vida é boa. 
se você tinha planos de se matar nos próximos meses, veja este poster e perceba que seu plano de abandono deste mundo cruel pode ser deixado pra depois. 
Burton & Depp are back!!

domingo, 1 de julho de 2007

Here come the Motherf**** Fuzz!!


Simon Pegg, Edgar Wright e Nick Frost e sua turma são meus novos melhores amigos.  

Depois do saborosíssimo Shaun of the Dead (que recebeu no Brasil o lamentável título de "Todo Mundo Quase Morto") onde eles pegavam os filmes do George Romero e faziam uma sátira super bacana sem apelar para inside jokes ciematográficas(como agora é a moda "postmodernpop" de Shrek, Todo mundo em pânico ed caterva...) criando um universo divertidíssimo ao som de Queen na Jukebox do Winchester Pub: 
- So what's the plan? 
- The Winchester!! 
Quando vi o filme a primeira vez pensei... "Cacete! Esses caras tão fazendo exatamente o que eu queria fazer com Morgue Story. Bota a sincronicidade jungiana na P queos P!!" 
Isso sem falar no melhor slogan dos últimos vinte anos: 
"Uma comédia romântica... com zumbis" 
Agora eles me vem com um novo filme "HOT FUZZ" e fazem a mesma lógica dos filmes de morto vivo só que desta vez são os filmes de ação hollywoodianos. Die Hard, Bad Boys e Point Break são referências que não aparecem como motivos de pastiche, mas sim como homenagem bem humorada. Não se olha para estes filmes vendo o ridículo, mas sim percebendo como são DELICIOSAMENTE RIDÍCULOS. 
Simon Pegg interpreta o Sargento Nicholas Angel, policial exemplar da políca metropolitana de Londres que - por excesso de competência -  é transferido por seus superiores para o aparentemente pacato vilarejo de Sandford, uma cidade que tem nível de criminalidade zero e a maior estatísica de mortes por acidente do país. A trama que segue já pode ser prevista, mas é no carisma do elenco e no roteiro boboca mas bem resolvido e criador de células de empatia que o filme se sustenta. 
E o que são essas células? 
Seguindo a mesma estrutura de diálogos de Shaun of the Dead, o diretor Edgar Wright e Pegg, que também são roteiristas, nunca deixam nenhum ponto sem nó. Usam um diálogo inicialmente usado para preencher uma situação corriqueira e banal se repetir em outra situação totalmente fora do comum. Ou seja, quando Pegg chega no hotel da cidadezinha é recebido pela dona do estabelecimento que está fazendo palavras cruzadas. Ela diz:
- "Fascist." 
- "O que?",  pergunta ele.
- "Nas palavras cuzadas. Regime político radicalmente ditatorial"
- "Fascism", ele conserta e depois acrescenta "Hag(Bruxa)" 
- "O que?", pergunta a velhinha já se ofendendo.
- "Terceira linha das palavras cruzadas", ele diz, "Mulher tida como má ou feiticeira. Três letras".   
Passada uma hora e meia de filme, testemunhamos um sensacional e maravilhosamente pirotécnico(onde o gratuito se torna linguagem) duelo entre Nicholas Angel e os moradores de Sandford, a mesma senhora surge com uma metralhadora automática apontada para o nobre Sargento e começa a atirar gritando:
- "FASCIST!!!"
Com sua pontaria certeira, Angel responde com um tiro num vaso pendurado sobre a cabeça da velha e faz com que ele caia sobre ela. 
- "HAG!" - crava Angel com uma voz cavernosa de Dirty Harry atrás de seus óculos escuros. 

Pra completar as características desse filme que parece ser tailormade pra mim, o tema final é do Jon Spencer, o mesmo que tocava ao receber o público nas apresentações de Morgue Story.  
Não é Orson Welles, nem Kubrick, nem Vertov, nem Truffaut, nem Scorsese, nem Coppola, mas é o mesmo prazer inexplicável de ver Fred e Ginger ou melhor ... o prazer em forma de película de ter uma ébria noite com ótimos amigos num pub enxugando pints de lager e falando coisas muito engraçadas sobre filmes de ação.

(obs.: o filme não foi lançado no Brasil e pelo jeito vai ter o mesmo fim do Shaun of the Dead. Lançado direto em vídeo provavelmente com um título do tipo "Corra que o Tira Vem aí". )